quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sobre flores

Flores enfeitam a mesa de jantar, janelas e jardins. Estão em todo e qualquer lugar, são (meio) difíceis de cuidar e precisam de disciplina. Algumas, porque outras, é só colocar perto de um tronco que elas já se grudam e se enroscam todas. Existem em todas as cores, formatos, quantidades e tamanhos, mas todas têm sua aura de romantismo, saudosismo, lembrança... Estão em todos os matos, jardins, casas e corações...

... eu não gosto mais de flores.






Gosto de pedras. Das mais cinzas e sólidas que existem.
Daquelas que ninguém vê; que ninguém dá.

Daquelas que não têm valor.

Um comentário:

Fernando disse...

Pedras que nunca precisaram fingir beleza. Que nunca precisaram se fechar sobre si mesmas para nunca mais abrir, vinda a noite. Pedras que nunca foram visitadas por insetos de porte e beleza, como borboletas. Os visitantes casuais foram formigas, desprovidas de qualquer chamativo, e outros insetos igualmente sem graça.

Mas ao contrário da flor, que morre e renasce sempre diferente, eis a pedra, cinza e sólida, que se finca por séculos por vir naquele lugar, "plantada" sem raízes, um símbolo do eterno sem falsas ilusões de Fênix ou qualquer criatura alada, vermelha e que se transforme em cinzas para de repente reviver.

Para a pedra tudo isso não passa de baboseira. Ela estava ali antes da gente, está ali com a gente, e continuará ali sem nenhum de nós. Para viver tanto tempo ela não pode se apegar a nada, absolutamente nada. Pois quando todos os seus contornos tiverem mudado, ela ainda estará ali. E lágrimas são efêmeras demais para uma vida eterna.

A rocha eterna não pode se entregar a ações marcadoras da temporalidade - caso contrário, transmudaria em gente. E isso ninguém quer, nem mesmo a rocha - que a tudo parece sobranceira. Nem mesmo a rocha. Se o cão é o melhor amigo do homem, pois que a rocha é a melhor amiga de todas as coisas do mundo somadas: pois sem olhos ela viveu tudo em seu derredor - e viveu de uma forma incomparável, porque constante, pois infinita...

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